segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lei de Deus











Se tu choras alguém a quem amavas


Por alguém cuja morte arrebatou


Ergue teu pensamento além da terra


E verás que esse alguém não se findou!






A vida que se move em nosso corpo,


em tempo algum, jamais se desvanece


ou finda, mas apenas se transporta


Unida a alma, após a carne morta...






Nesta meditação, por elevada altura


compreenderás a lei que rege o mundo,


concebido por um Ser que nos renova


E nos faz triunfar da sepultura.






Hoje és matéria corrompida;


Amanhã, luz no espaço doutra vida...






Não chores pisando sobre escolhos...


Como de Paulo abram-se teus olhos!



Rosalina Rosa Leite

domingo, 26 de abril de 2009

A Consciência...





Quando envolto, e a família, em peles de alimárias,



Lívido, escabelado, e como as procelárias,



Caim pos-se a fugir da face de Jeová,



Como caisse a tarde e fosse escuro já,



Chegou d,alta montanha ao pé, nuns descampados.



Fatigada a mulher e os filhos já cansados:


"Deite-mo-nos no chaã, Caim: vamos dormir."



Disseram-lhe e ele estava insone a refletir.



Erguendo a fronte, viu, oh, noite, onde te entrevas



Enormemente aberto, um olho em meio as trevas,



Que o fitava severa e fixamente... horror!



"Muito perto inda estou!" Disse ele com terror,



Despertou a mulher e os filhos, do cansaço,



E deitou a fugir, sinistro, pelo espaço.



Andou de dia um mês, um mês de noite andou,



Silente a estremecer ao ruido que soou,



Sem olhar para trás, furtivo, o suor em bagas,



Sem repouso, sem sono; e assim chegou as plagas



Do mar, nesse país, que foi Assur depois.



"Paremos" murmurou "seguro é o asilo", e pois,



Fiquemos nós aqui, que ó limite do mundo."



E, indo se assentar, no morno céu profundo



Viu fitar-lhe inda o olho, o mesmo austero olhar.



Então estremeceu com friorento esgar.



"Ocultem-me" bradou. E, sobre a boca o dedo,



Viram todos o avô, feroz, tremer de mêdo.



Caim disse a Jabel, pai daqueles que vão



Sob as tendas de pele a árida extensão:

"Estende sobre mim um pavilhão de tenda."



- Muralha flutuante - e cada qual a estenda.



Quando pesos de chumbo iam-na ao chão prender,



"Inda o ves?" diz Tsila, a luz feita mulher,



O sangue de seu sangue e doce como a aurora.



E o avô respondeu: "O olho me devora!"



Jubal, pai dos que vão, dos burgos em redor,



Marchando aos sons da trompa e rufos de tambor,



Clamou: "Eu é que sei erguer uma berreira!"



Muro de bronze ergueu; Caim poz-se a traseira.



Porém vociferou: continua a me olhar...



Enoc redarguiu: eu vou torres armar...



- Trincheira que ninguém possa acercar-se dela;



Cidade edificar e em meio a cidadela;



Cidade edificar, que guardaremos nós!



Veio Tubalcaim, ferreiro entre os avós,



Cidade edificou, enorme e sobrehumana,



Enquanto trabalhava, em baixo, em terra plana,



Caçavam seus irmãos filhos de Set e Enós



Cravado tinha o olhar quem lhes passasse a voz,



E, quando era o sol posto, iam flechar estrelas.



Veio a pedra antepor-se as primitivas telas,



A cada bloco, em nó, prenderá férreo anel;



A cidade era assim possessão de Lusbel.



Das torres vinha a noite, a errar pelas campanhas



Aos muros se lhes deu grossura de montanhas.



A porta estava escrito: Não pode Deus entrar!



Quando eles acabado tinham de murar,



Foi posto a avô no centro, em torre de grânito,



E desvairado estava, o lúgubre, o precito.



"O olho já não ves?" Tsila indaga: "Já?"



E Caim respondeu: "Eis que não sai de lá!"



"Desejo" disse então "habitar dentre a terra.



Como em ermo sepulcro um cadaver se encerra



Ninguém mais me verá e ninguém hei de ver."



Cavou-se imensa cova, conforme seu querer.



Assim baixou sozinho á abobadada alfombra,



E, quando no espaldar se achou sentado à sombra



E fechou-se após sí dura lápide enfim...



Na tumba estava o olho, posto sobre Caim!




Victor Hugo.


Trad. Generino dos Santos.






Eis aquele que é capaz de trazer paz a toda consciência:









Aviso: ampliação do contéudo deste blog

Queridos amigos.

Quando este blog foi criado tinhamos em vista divulgar apenas e tão somente a poesia Cristã.

Associando assim o bem e o verdadeiro a beleza da forma.

Entretanto uma alma repleta de nobreza e luz sugeriu-nos ampliar a o espaço do belo neste blog, acrescentando a iconografia e a música.

Tal será, doravante o escopo deste blog.

Associar imagens auditivas e visuais, que sob a forma de música e poesia, quer sob a forma de pinturas, esculturas, ourivesaria, etc

Sempre que tais imagens expressem algo de bom, de puro, de nobre ou de elevado, mesmo que não seja especificamente Cristão.

Afinal tudo o que é naturalmente belo e bom é de alguma forma Cristão.

Do ponto de vista musical ou plástico nossa orientação será a mesma: Clássica ou formal.

Todas as obras e peças artísticas presentes neste blog serão notadamente fiéis ao ideal grego da kalokagatia ou da Arete.

Convidamos pois a todos os Cristãos que apreciam e amam o belo para que leiam os poemas, contemplem as imagens e ouçam as músicas aqui publicadas alimentando suas almas com um alimento vigoroso e salutar.

Prestigiem pois esta obra que se propõe a oferecer outras opções em face ao gospel, ao funck, a arte moderna...

Que a Santa Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Imaculada e sempre Virgem Maria nos ampare continuamente.

Forte abraço a todos.