Fidelidade

Redentor dos mortais sempre propício
Paterna consciência do universo
Durante este existir nosso perverso
Preserva-nos da chaga que é o vício

Não nos engula do mal o precipício
E seja nosso proceder muito diverso
Daqueles que por princípio adverso
Aderiram ao Reino impuro e fictício

Ao poder do dinheiro não sirvamos
como fâmulos, párias ou escravos
que desorientados nos perdendo vamos

Fixemos nosso olhar na cruz, nos cravos
No amor porque somente nos salvamos
suportando todos os males e agravos!

Socorro divino

Um rude golpe fez curvar-me a fronte
Um rude talho fez turbar-me a alma
Rude golpe fez baixar-me o monte
Rude talho turbou-me a paz, a calma

Rude golpe turvou-me o horizonte
Rude talho fez tombar-me a palma
Rude golpe envenenou-me a fonte
Um travo de amargor se espalma

Quando o pranto por terra caindo
molha o chão que meus passos percorrem
A Jesus que é bondoso recorro

Percebo a angústia do peito saindo
E enquanto as lágrimas escorrem
O trajeto que escolhi, percorro!

O sofrimento acaba

Um dia acaba todo sofrimento
Quando tocarmos ao pó da sepultura
Ali a riqueza, a vaidade a formosura
Tudo se extingue num momento

Ali tudo quanto nos tortura
Mergulha na paz do esquecimento
E sem lágrimas e sem lamento
Se desfaz para sempre a amargura

Apenas o bem que praticares
Espalhando amor pelo caminho
Estendendo a mão boa e amiga

As pessoas que beneficiares
Jamais te deixarão sozinho
Enquanto a mão de Deus te abriga

Amore omnia vincit

O facho de luz que me ilumina
Na jornada da vida cambiante
Aos pés do abismo fundo e hiante
Acerca do raio que fulmina

É a crença que o amor domina
Que ele tudo vence adiante
Que é lei eterna e operante
Que não se acaba e não termina

Inda que pela sombra eu vá passar
Que tenha de caminhar sedento
De experimentar o fel do desalento

Após meu grito e meu lamento
De pão com lágrimas ter de amassar
Na paz no bem enfim vou descansar!

A um amigo que sofre

A cascata de lágrimas que cobre
A face do homem sofredor
Que batiza o pungir de cada dor
Que oprime cada alma nobre

Tua força e ânimo descobre
Em meio ao silêncio aterrador
E o pânico acabrunhador
Que triste o espírito recobre

Segue a jornada purificadora
trêmulo, exangue, em desalinho
fronte cansada e pés sangrando

Segue tua jornada redentora
Em demanda do celeste ninho
Nauta que mar ignoto vai singrando!

Esperança

De tua fronte muito acima
Há beleza eterna e redentora
Verdade e paz libertadora
Que da humanidade se aproxima

Olha para os céus e reanima
tuas forças oh alma gemedora
pois o mesmo golpe que atordoa
Te desperta quando não fulmina

As lágrimas quentes e doridas
Com que regas o áspero caminho
da morte a que chamamos vida

Sucedam campânulas floridas
Um afago ou gesto de carinho
Alguma esperança devolvida.

Perseverança

Daquilo em que creio não desisto
Da justiça, do amor e da bondade
Da empatia, da paz e da verdade
Por tais virtudes eu com fé resisto

Exemplo tomo de Jesus, o Cristo
o qual com calma e com serenidade
inaugurou a Era da fraternidade
Cujo princípio ou advento assisto

Deste reino sou um combatente
soldado alistado e convocado
Não desertor mas resistente

Creio no bem e não mando recado
Da luz adorador sou reverente
Do Mestre imitador sou dedicado!

Constância

Um ideal de bem tenho gravado
Dentro do peito, aqui no coração
Qual letra ou melodia de canção
Como o Cristo sobre o corcovado

Não recuo um centimetro ou covado
não abandono o posto, a posição
não faço acordo ou negociação
jamais serei vil e acovardado

Firme permaneço ao lado da virtude
Constante e sereno até a morte
pois tenho um padrão de atitude

Seja alegre ou triste minha sorte
conservarei na alma a amplitude
Combaterei, lutarei e serei forte!

Pelo ideal

A luta em que as forças empenhei
É combate do bem e da virtude
Por meio das ações, da atitude
Segundo os valores que ganhei

No mundo não me despenhei
para o plácido repouso da quietude
Mas para assumir a plenitude
Da nova existência que apanhei

Firme permaneço no meu posto
Inda que cusparadas e injúrias
Sejam-me lançadas contra o rosto

Não eu não descantarei lamúrias
por maior que seja este desgosto
Contra mim lançado pelas fúrias!

Mãe imortal

Tenho uma mãe no céu, ela não morre
É a mesma mãe do Cristo senhor meu
Mãe que aos pés da cruz ele me deu
Virgem que me ampara e me socorre!

Quando a face em lágrimas escorre
Pelo fardo que a alma recebeu
Pela golpe profundo que doeu
pelo tempo fugaz que sempre corre!

Clamo por esta mãe de amor benevolente
Pedindo coragem, força e paciência
Contrito, piedoso e reverente

E esta mãe que é ternura e complacência
Enche de paz minhalma crente
Da maternidade eu não sentirei ausência!

A escolhida

Quando deste toda eternidade
Antes que o tempo e o espaço
dessem o primeiro giro e passo
No âmago da própria divindade

Quis Deus assumir a humanidade
Para mais estreita-la em seu regaço
Acolhendo-nos como num abraço
Por impulso de suma caridade

Escolheu uma Virgem graciosa
Meiga, pura, bela como a rosa
Para ser sua mãe de verdade

Desde então essa vida preciosa
Essa alma pura, santa e generosa
Tornou-se a glória da maternidade!

Mais formosa que a aurora

Mais que aurora em plena formosura
Mais alva que lua em resplendor
Mais que o brilho do sol em seu fulgor
É a Virgem plena de doçura!

Mãe nossa cheia de ternura!
Dos mortais refúgio acolhedor
Dos que nas vascas da suprema dor
O aguilhão sentem da amargura!

És tu oh mãe do Cristo meu Senhor
Abençoado ventre que nos deu
Todo amor, toda paz e todo bem

Tu mãe do Cristo és meu penhor
Lâmpada que bom mestre concedeu
Para nos conduzir ao lar de além

Ave cheia de graça

Virgem quando teu nome pronuncio
O coração se enche de alegria
Santa Mãe de Deus, Virgem Maria
Que de Gabriel ouviu o anúncio!

Quando ao ouvir a voz do núncio
Celestial, tu respondeste sim
Beneficiaste ao mundo, a mim
Da redenção foste prenúncio

Por isso eu te saúdo com o anjo
Ave cheia de graça e formosura
Entre todas as mulheres mais ditosa

Entre Deus e os homens és o arranjo
Jovem graciosa e cheia de ternura
Entre os espinhos odorante rosa!

Mãe dos homens

Quando Cristo no alto do madeiro
Sendo da verdade eterno pregoeiro
Entregou a João, Santa Maria
Que a ela por mãe receberia

Sendo apóstolo não perceberia
Que a mãe do Mestre tomaria
Por mãe sua e filho verdadeiro
Como do Mestre fora companheiro

Considerai agora o que significa
Essa entrega ao apóstolo querido
Mistério de amor, ternura e piedade

Se o apóstolo com a Virgem Fica
Em lugar do Cristo ali ferido
É porque representa toda humanidade!

Ósculo santo

Aos pés da tua cruz eu deposito
Jesus um ósculo amoroso
Amador dos homens, generoso
E teu acolhimento requisito

Quando sentindo-me esquisito
iracundo, irritado ou rancoroso
Por viver num mundo desastroso
Em crer na lei do amor hesito

Ampara-me divino redentor
Para que eu não desfaleça
Apostatando do bem no ideal

Do universo divino precentor
Que da tua lei jamais me esqueça
Preserva-me Jesus de todo mal!

Sol eterno

Quando das nuvens o dossel cinzento
Cobre a luz do sol matando o dia
Quando por sobre a penedia
Murmura ululante a voz do vento

Quando por sobre o cinéreo firmamento
O brilho da lua se espalha e irradia
Quando o coração humano se entedia
Por ver que a vida perde o encantamento

Crê que existe outro sol mais fulgurante
Convertendo em dia sempiterno
Esta nossa vida passageira!

Crê que por mais remoto e mais distante
Que estejas tu do lar eterno
É ele tua sorte derradeira!

Desabafo

Só eu sei o quanto tenho crido
Após o val das sombras ter trilhado
Fácil é crer enquanto tem brilhado
A luz do Sol por sobre o céu querido

Mas quem teve o coração ferido
E cuja esperança pura tem falhado
Por ver o Cristo todo retalhado
E o Santo Evangelho preterido

Deve fazer esforço colossal, imenso
Para manter a crença heroica viva
Apoiando-se no Cristo redivivo

Para manter amor fiel, intenso
E fazer com que a alma sobreviva
Nutrindo-se do Evangelho vivo!

Prece por alguém que perdeu um ente querido

Não pode a vida que palpita
No humano coração
Ser aprisionada ou ser contida
Nas tábuas de um caixão

O corpo sendo material perece
cedo ou mais tarde
No espirito que não aparece
Um fogo arde

Fogo que morte não destrói
E nem consome
Alma que habitação além constrói
E jamais some

Somos emanações da divindade
Aqui aprisionadas
gotas de luz da eternidade
Aqui lançadas

Ao foco da luz suprema regressamos
após a morte
Tenhamos amor e fé não lamentemos
A nossa sorte!

A saudade imensa que hoje oprime
Teu peito, meu amigo
Mereça no Deus que nos redime
Um bom abrigo

Em que possas reencontrar enfim
o que perdeste
Quando chegar do instante o fim
que mereceste

Minhas lágrimas as tuas junto agora
Em oração
Que nesta desditosa hora
Teu coração

Receba conforto, paz, amor, carinho
e luz também
Té que no gozo do celeste ninho
chegues ao lar de além

Ser como tu...

Bendito Jesus eu quero ser
O imitador teu mais dedicado
Inda que venha a ser prejudicado
Imitar-te seja meu maior prazer

Possa oh Bom Jesus satisfazer
As exigências do teu livro sagrado
E não haja em mim maior cuidado
que o bem, sem olhar a quem fazer

Faz-me ver em cada amigo e irmão
Tua imagem viva sacrossanta
E presença da tua divindade

Toma-me e conduz-me pela mão
Torna minha vida reta e santa
Faz-me amar como tu, a humanidade!

Dedicação

Faz-me dedicar ao semelhante
Oh Bom Jesus o mimo da atenção
Dispõem, Senhor meu, do coração
Que com fé te oferto neste instante

Faz-me do Evangelho praticante
Faz-me amar com suma devoção
Firma no bem a minha vocação
Toma-me as mãos e segue adiante

Apara Mestre com potente braço
Cada golpe pungente e dolorido
Protetor meu, Pai e amigo

Acolhe-me Jesus no teu regaço
E após vencer do mundo o alarido
Possa habitar nos céus contigo

Quero ser sinal...

Sinal da tua presença eu quero ver
Senhor Jesus querido em cada amigo
A luz do amor quero viver contigo
No singelo cumprimento do dever

Com este pulso vou subscrever
o Evangelho, lei a que me obrigo
Liberdade, amor e justiça por abrigo
que abandonar jamais vou atrever

Ampara Jesus minha vontade
Na vereda do bem e do amor
Na senda da luz e da verdade

Cristo que és infinita caridade
Liberta-me do medo e do temor
No tempo e também na eternidade!

Faz-me ver o bem apenas

Ver quero ver todos os seres
Como vistos são por ti oh Santo Deus
Não com os humanos falíveis olhos meus
Que tudo quanto buscam são prazeres

Senhor se assim me concederes
Que possa ver c'os olhos teus
Até a hora extrema do adeus
Dignos serão meus afazeres

Assim faz-me ver o bem apenas
Enxergar somente qualidades
Sinais teus em cada criatura

Possa aprender a duras penas
Enfrentar vendavais e tempestades
E suportar a dor da desventura!

Christus consolator

Toda chaga que punge e que tortura
Pensa Jesus com teu carinho
E a cada irmão que esta sozinho
Preso em laço mortal da amargura

Concede Jesus uma ternura
Ao que segue triste em desalinho
pela chã estreiteza do caminho
E que o fardo da existência atura

Conforta Senhor os que se arrastam
Com passos indecisos, vagarosos
Por este báratro de horrores

Socorre meu Pai os que se agastam
Turbados, aflitos, pesarosos
Socorre meu Pai os sofredores!

Alteridade

Olha tu que sofres, a retaguarda
Daqueles que sofrem mais ainda
Tristeza tamanha, angústia infinda
Que o coração no fundo guarda

O espírito humano não aguarda
Da plena consolação a vinda
E enquanto a dor atroz não finda
E não se poupa, nem resguarda

Fraternal estende a mão amiga
Aos que como tu foram marcados
Pelo mistério da dor indecifrável

Segundo a amizade nos obriga
Aos que se acham mais fragilizados
Estende tua mão nobre e afável!

A voz da consciência

Todo ser que se move sobre a terra
Demanda progresso e perfeição
Lei que rege a humana condição
E que o pensar de Deus encerra!

Assim todo ser que vive e erra
por não ouvir a voz do coração
Não achará feliz compensação
Consigo estando em crua guerra

Mas se ouvir a voz da consciência
voz de Deus no coração gravada
E acata-la com toda reverência

Se sentira em paz, recompensada
Alcançando o padrão da excelência
Que torna a humana vida desejada!

A verdadeira religião

Não há religião mais elevada
Mai santa, mais nobre, mais sublime
Religião sagrada que redime
Religião por Cristo revelada

Que a viúva pobre ter alimentada
O órfão ver livre do azedume
O estrangeiro tendo abrigo e lume
A caridade viva ser glorificada

Eis a religião pura e sem mancha
Aos olhos do Deus onipotente
Aquela que aspiro praticar

Pois quem o mal aqui desmancha
E o aguilhão da dor faz impotente
Seu bom caráter vai autenticar!

Fé sem obras

Sem obras é morta tua crença
Cadáver frio e nauseabundo
Sinal de comodismo e indiferença
Lei de preguiçoso e vagabundo

Mistério de iniquidade tão profundo
Cínica apoteose da descrença
Ideal de virtude moribundo
Falta Jesus de tua presença!

Bem acima da fé foi colocada
E posta a eterna lei da caridade
Do Evangelho a lei primeira

Assim se a caridade é deslocada
profana-se a glória da verdade
A qual do erro faz-se prisioneira!

Divino oleiro

Como o barro amassado pelo oleiro
Toma-me em tuas mãos Cristo Jesus
Enche-me de paz, amor e luz
Redentor da humanidade verdadeiro

Eterno e bendito mensageiro
Elevado no alto de uma cruz
Teu gesto de abnegação traduz
Que é ser fiel e companheiro

Por isso semelhante quero ser
A ti venturoso filho de Maria
Servindo a todos como tu serviste

Coração imenso quero ter
Pois maior contentamento e alegria
Que ser bom certamente não existe!

Pedido socorro

Manso Jesus, Jesus piedoso
Com olhos meigos, compassivos
socorre os escravos e cativos
sempre presos ao sensível gozo

Cristo bendito, Verbo generoso
Torna-nos mais e mais caritativos
mais fraternais, mais prestativos
Pai Nosso eterno e poderoso

Emancipa-nos da sede transitória
Do desejo infrene que consome
O empenho do homem racional

Faz-nos labutar por tua glória
Faz-nos honrar teu santo nome
Preserva-nos de um viver irracional