sexta-feira, 7 de março de 2008

Súplica.









Senhor assim pregado em rude lenho,
que não negas a ninguem o teu socorro,
a mim que de magoas vivo e morro,
Da-me o ansiado sossego que não tenho.

Em te amar tenho posto meu empenho,
contemplando de teu sangue o frio jorro,
com suspiros aos teus braços corro,
junto a tua cruz curvar-me venho.

Olha como é triste meu destino,
sem esperanças, flores ou venturas
somente com os sonhos que imagino.

Lambra-te dessas dores tão escuras
pois és o meu Pastor divino,
e eu a ovelha que procuras...



José Albano.

In extremis.








Jesus que estais pendente no madeiro,
em cuja lei protestato hei de viver,
em cuja santa grei quero morrer,
animoso, constante, verdadeiro...

Neste transe por ser o derradeiro,
no qual vejo da vida o anoitecer,
é já Senhor a hora de se ver,
a brandura de um Pai, manso cordeiro...

Sendo grande vosso amor e meu delito,
pode ter limites meu pecar,
mas não vosso amor que é infinito...

Tal razão me obriga a esperar,
que por mais que errei neste conflito,
mais tereis vós a perdoar...


Gregório de Mattos Guerra.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Maria.







Maria... eu ando por um caminho.
cheio de espinhos e pedras duras,
minhal é ave triste, sem ninho,
pelo deserto das amarguras...

Nem uma estrela nas minhas noites,
só de procelas, rijos açoites!

Mãe de Jesus, todos os filhos,
de Eva padecem os mesmos males,
ou nas montanhas, do sol aos brilhos,
ou nas sombrias covas dos vales...

Deste vil mundo pelas estâncias,
ressoam dores, suspiros, ânsias...

Todos os frutos, todas as rosas
Da terra - não passam de poeira,
pedindo água, bocas sedentas.
venenos bebem, a vida inteira!

Da-nos remédio, cheia de graça,
Contra as feridas que o mal nos faça.

Pois que te chamam ajudadora.
aos Cristãos da-nos o teu auxilio!
Acende estrelas, minha senhora
sob o céu triste de nosso exílio.

Sim faz óh Virgem que tantas dores,
Sejam sementes de eternas flores.


Amélia Rodrigues.

Espiritualidades.






Dobram sinos a finados,
com mágoa e desolação...
Porque não sabem que a morte
É nossa libertação.

Toda a esperança e fé,
unida na caridade,
realiza-se no mundo,
da eterna felicidade.

A palavra que retens
É tua serva querida,
mas aquela que te escapa,
senhora da tua vida.

O suícida presume,
que a morte é o fim do amargor,
sem cuidar que o desespero.
é porta duma outra dor.

Quem sofre resignado,
depois de morrer descansa,
que luta sem naufragar,
verá decerto a bonança.

Quem tem a flor da humildade
medrando no coração,
tem um jardim de virtudes
e suprema prefeição.

Volve ao céu todo piedoso,
coração que anda ferido...
Deus cura todas as chagas,
do mal que tens padecido.


FCXavier

quarta-feira, 5 de março de 2008

A morte de Cristo.





Chegando-se a Jesus quando ele padecia,
a bem da humanidade agruras do suplício.
Atônita ficou a morte que temia,
aplicar ao Senhor a lei de seu ofício...

Jesus porém co,a fronte a reclinar fazia,
a cruel segadora gesto que era indício,
de que não fruindo a divina regalia,
tinha de consumar aquele sacríficio.

A morte obedeceu e então de surpresa,
logo o sol desmaiou, tremeu a natureza,
qul se o fim de tudo fosse aproximando.

Tudo nos céus e terra, vacilava:
Em cada pedra havia um coração chorando,
Somente o coração humano não chorava...


Moliére.

Mandamento supremo









Quantas vezes bati a tua porta
e recusastes estender-me a mão,
negaste-me a palavra que conforta,
negaste-me a migalha do teu pão.

Quantas vezes voltei? Mas não importa...
sempre que clamei disseste não.
A esperança fria é quase morta,
julgo ter morrido em vão...

Naquela cruz pela maldade erguida,
ofereci meu sangue, minha vida.
o coração aberto te ofertei!

E hoje após séculos de espera,
repito a mesma súplica sincera:
Amai-vos como eu vos amei!



Leonete Oliveira.