segunda-feira, 29 de junho de 2015




A pomba se vai voando
ditosa pelos espaços
Horizontes novos contemplando
com seus olhos baços
E obstáculos mil ultrapassando:
Quebra seus laços!!!

Alma venturosa que firmando
tímidos passos
méritos vai conquistando
do Pai nos braços
pode repetir orando:
Senhor quebrei meus laços!!!

Irmão que a vida norteando
em erros crassos
Do bem vai se afastando
por embaraços

gotas de luz vai destilando
Quebra teus laços!!!


O Ozimandias de Shelley





Em minhas viagens pela terra

Irmão que pelas sendas erra
peregrino semelhante achei

Disse-me o irmão aflito
Sem pernas, um torso de granito

Em meio as areias avistei 


Um rosto partido e desolado

Em meio as pedras sepultado
ali eu encontrei!

Seus lábios escarnecedores e franzidos
seus olhares luxuriosos e lascivos
Com talento o artista fixou

Traços de paixões bem estampadas
em pétreas feições gravadas
nosso escultor deixou

Destra que impérios governava
Corações que outros comandava
Ozimandias sou!

Rei dos reis no pedestal marcado
Seu comando jaz silenciado:
Poderosos, face a mim desesperai!



Hoje tudo ali é decadência

ruínas, desertos, impotência
Viajantes, peregrinos contemplai!



Daquela glória nada, nada resta
o pó envolve-lhe o torso, a nuca, a testa
a caravana prosseguindo vai!!!


P B Shelley versão de Epifânio de Queiros (Domingos Pardal Braz)