Em minhas viagens pela terra
Irmão que pelas sendas erra
peregrino semelhante achei
Disse-me o irmão aflito
Sem pernas, um torso de granito
Em meio as areias avistei
Um rosto partido e desolado
Em meio as pedras sepultado
ali eu encontrei!
Seus lábios escarnecedores e franzidos
seus olhares luxuriosos e lascivos
Com talento o artista fixou
Traços de paixões bem estampadas
em pétreas feições gravadas
nosso escultor deixou
Destra que impérios governava
Corações que outros comandava
Ozimandias sou!
Rei dos reis no pedestal marcado
Seu comando jaz silenciado:
Poderosos, face a mim desesperai!
Hoje tudo ali é decadência
ruínas, desertos, impotência
Viajantes, peregrinos contemplai!
Daquela glória nada, nada resta
o pó envolve-lhe o torso, a nuca, a testa
a caravana prosseguindo vai!!!
P B Shelley versão de Epifânio de Queiros (Domingos Pardal Braz)
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