segunda-feira, 16 de junho de 2014

Ao romper da alva





Além, por trás da montanha
clara luz se patenteia
que as dores todas amanha
n'alma que sentida anseia

Branda luz, que afaga a vista
vindo os céus de cor tingir
Quando o azul transparente
parece alegre sorrir

Como és bela, como dobras
da vida a força o amor

como nos penetra a alma
teu luzir encantador!

No teu ameno silêncio
A tormenta se perdeu
e do mar poder e força
nos abismos escondeu

Até parece que agora
não quer o vento tocar
o oceano queixoso
qual menino a soluçar

Por que as ramas da folhagem
bem como as ondas do mar
sem bater sopro de vento
começam a murmurar?

Sobre tapete de relva
a verde folha inclinada

destina gotas de orvalho
no rocio da madrugada!

Renascida a natureza
parece sentir amor
mais brilhante, mais viçosa
o calix levanta a flor

Por entre as ramas ocultas
docemente a gorgear
acordam trinando aves
publicando seu cantar

O arvoredo nessa lingua
O que diz, por que sussurra 
Que diz o cantar das aves
Que diz o mar que murmura???

Louvam um nome sublime
o nome de seu autor
o nome do Deus vivente
o nome do Criador

Também eu, Senhor direi
teu nome em meu coração
e juntarei os meus cantos
ao hino da criação!!!

Quando a dor meu peito arranha
quando me esmaga a aflição
quando me falta na terra
mesquinha consolação

Tu Jesus do peso insano
Livras meu peito arquejante
seca o pranto que estes olhos
estão vertendo abundante.

Tu pacificas minh'alma
quando se rasga com pena
como a noite que se esconde
na luz da manhã serena!

Tu és a luz do universo
És o Supremo Senhor
Tu és a fonte da vida
És o infinito amor

Direi as sombras da noite
Direi as luzes da aurora
Tu és o Deus Verdadeiro
O Ser que minh'alma adora!!!


Gonçalves Dias

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