Também eu acreditei que esta vida
tudo é
Perdendo a crença recebida
a antiga fé...
Também eu como tu
por certo dei...
que esta vida é tudo
e me alegrei...
Também eu cri compreender
a vida
Mas tive benefício de conceder
a dúvida...
Como tu acreditei ter achado
boas explicações.
Então me vi pasmado
entre divagações...
Como tu porfiei decifrar
a existência
Dos enigmas todos extrair
a quintessencia...
Pretendi com a inteligência devassar
ares e abismos
tudo reduzir e expressar
por silogismos...
Levei a cabo meus juvenis
enleios
Um sequer, não satisfiz:
destes anseios...
Cheguei mesmo a acreditar que a morte
tudo destrói
que o verme segundo a humana sorte
tudo corrói...
Que a lousa era o final de tudo
quanto fazemos
Os ossos, testemunho mundo
do que perdemos
A fria campa, termo final
da existência
Trágico epílogo mortal
desta ciência!
A fria campa, termo final
da existência
Trágico epílogo mortal
desta ciência!
O espirito fruto de neuronais
conexões
A alma produto de anormais
concepções...
A imortalidade humana, palavra
sem sentido!
A metafísica rematada lavra
de um ressentido...
A imortalidade humana, palavra
sem sentido!
A metafísica rematada lavra
de um ressentido...
Tudo para mim se resumia na matéria
fria
Cada dor, cada pulsação, artéria
a alegria...
E assim prosseguia em meu anelo
captar
Sentido, sem mundo paralelo...
demonstrar
Da religiosidade a insana loucura
e com prazer
a superstição ignara, obscura
desfazer!
E assim prosseguia em meu anelo
captar
Sentido, sem mundo paralelo...
demonstrar
Da religiosidade a insana loucura
e com prazer
a superstição ignara, obscura
desfazer!
Como vós eu não acreditava
noutro viver
mas apenas naquilo que aceitava
podendo ver.
Dia veio porém em que acordei
deste sono letal
abri meus olhos e por certo dei
com o engano fatal
A teoria segundo a qual esta vida
tudo é.
Minh'alma abraçou comovida
a antiga fé...
Fé no destino imortal, superior
da alma humana
que da racionalidade interior
emana
Hoje sei que algo sobrevive ao 'fim'
lá nos espaços
E por isso hei de exclamar enfim:
quebrei meus laços...
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