A noite desce, lentas e tristes
baixam as sombras na serrania
Calam-se as aves, gemem os ventos,
Todos murmuram: AVE MARIA!!!
Na torre estreita de pobre templo
resoa o sino da freguesia,
Abrem-se as flores, vésper desponta
Cantam os anjos: AVE MARIA!!!
No tosco albergue de seus maiores
onde só há, paz e alegria
entre os filhinhos, o sertanejo
repete as vozes: AVE MARIA!!!
Na senda invia de velha estrada
para e saudades ao lar envia
romeiro exausto que os céus contempla
diz entre os ermos: AVE MARIA!!!
Incauto nauta por entre os mares
em meio a névoa triste, sombria
Se encosta ao mastro, recurva a fronte,
reza baixinho: AVE MARIA!!!
Nas soledades, sem pão, sem água
sem pouso, tenda; sem luz ou guia,
triste mendigo, que praças busca
curva-se e clama: AVE MARIA!!!
Só nas alcovas, nas salas dúbias
Só nos alcouces e nas ôrgias,
ninguém repete, ninguém murmura
ninguém exclama: AVE MARIA!!!
AVE!!! MARIA!!! -- No céu, na terra!
Luz da aliança, doce harmônia
Hora divina, sublime estância
Bendita sejas: AVE MARIA!!!
FAGUNDES VARELLA
Nenhum comentário:
Postar um comentário